Vamos votar, por nós!

Dia 30 de janeiro, somos chamados a cumprir o nosso dever cívico.

Frase, várias vezes repetida. Mas votar é um dever ou um direito?

O voto obrigatório existe em vários Estados, com modalidades bem diferenciadas. Alguns países têm previstas sanções para o incumprimento do dever de votar (Egito, Costa Rica, México, Grécia), outros, embora as contemplem no seu regime jurídico, não as aplicam. Existem mesmo Estados que incluem sanções monetárias ou mesmo impossibilidade de obtenção de passaporte ou de empréstimos.

Em Portugal, o voto não é obrigatório. É um dever. Um dever cívico!

Ouve-se muitas vezes que este ou aquele não liga à política, proliferam-se frases, tais como:

- “a política é um assunto que não me interessa, não é para mim!”

Como se a política não afetasse a vida de cada um de nós! Como se fosse algo que existe, mas que é tão distante, que não interfere com a nossa vida!

Ouvimos também:

-“não tenho nada a ver com a politica, a minha vida é trabalho e família ! “

Estas, são frases que ouvimos, não raras vezes!

Mas, teremos coerência para protestar, ou para reivindicar, ou mesmo para afirmar a pés juntos:

- “Em Portugal, as organizações publicas não nos dão respostas atempadas! Não conseguimos ter inspetores para fazer os abates! “

Se não nos preocupamos em participar na votação quando somos chamados a fazer parte da decisão?

Teremos coerência, quando nos deparamos com a falta de resposta da administração publica, aqui referindo-nos ao nosso setor, se solicitamos uma licença, um pedido de resposta, uma aprovação, um certificado sanitário, uma abertura de mercado externo, um esclarecimento técnico, e no caso dos matadouros, se não temos inspetores suficientes para trabalharmos no horário que pretendemos, apesar da pesada taxa de inspeção sanitária, se depois não fazemos parte da decisão sobre quem nos deve governar?

 

 

Naturalmente que não! É por isso que não podemos ficar em casa e deixar de perder a oportunidade de manifestar a nossa vontade, há que analisar os programas dos partidos que se candidatam e votar.  

Temos um setor para proteger e dar continuidade!

Temos que perceber quem nos pode fazer mal, que partidos contemplam nos seus programas eleitorais medidas que não permitirão a nossa sustentabilidade económica.

Sim, não existe verdadeira sustentabilidade se economicamente a empresa não for viável. Não nos podemos esquecer que a sustentabilidade, na verdade, tem 3 pilares: económica, social e ambiental. Esta última, tem sido o foco para muitos dos partidos, mas, se apenas se investir na área ambiental, e não se contemplar os outros pilares, não há verdadeira sustentabilidade.

A produção (pecuária e indústria) em Portugal corre sérios riscos, os quais podem determinar a redução ou mesmo o fim de muitas atividades. Riscos de tal ordem, que pode levar a que tenhamos que importar todos ou a maioria dos alimentos que precisamos de consumir. O que é um contrassenso, exigir-se a Portugal, o que não se exige aos países terceiros. Ora, se importamos estes alimentos, aumentaremos a pegada de carbono. Afinal, de que ambiente falamos?

Se deixarmos de produzir, de onde virão os alimentos? E a pegada de carbono?  E o efeito da produção alimentar nos outros países, no mundo global? Já não tem interesse? Sabendo todos nós que nos países terceiros, as medidas ambientais não estão a ser tomadas! É de facto um contrassenso.

Sublinho que alguns partidos vociferam que a pecuária e indústria, têm que reduzir e mesmo acabar, e as terras?  Ficam abandonadas? E o mundo rural? Fica despejado de gentes? E as florestas? Mais sujeitas a serem devastadas pelos incêndios?

Estimados associados, sabemos dos investimentos que têm sido feitos por vós, em prol do ambiente, importante para todos nós, habitantes do planeta, mas precisamos também de ser sustentáveis do ponto de vista económico, precisamos de ser apoiados, quando for caso disso.

Não podemos nos esquecer que as nossas indústrias marcaram presença durante as piores fases da pandemia, puseram alimentos na mesa dos portugueses, têm e devem conseguir manter a sua atividade, impedindo que Portugal se transforme num país que viva à conta da importação.

Queremos produzir!

Já se investiu muito em Boas Práticas, quer na agricultura, quer na pecuária e quer na nossa indústria! Temos sido um setor preocupado e colaborante. Implementámos desde há mais de 30 anos, planos exaustivos de HACCP, para produzir alimentos seguros, temos vindo a adotar as boas práticas dentro da estratégia Farm to Fork, com a produção de menos desperdício alimentar, com utilização de energias renováveis, totalmente imbuídos no espírito da energia circular. Fazemos parte do processo de mudança!

Por isso, deveremos fazer parte da decisão. Queremos um país com melhor ambiente, e já fazemos por isso, melhor organização social, mas queremos também ser sustentáveis do ponto de vista económico.

Por isso, temos que olhar para os programas dos partidos, ousar ir à secção de voto, e VOTAR!

Cada um de nós é importante e deve fazer valer essa importância no momento da decisão.

Vamos votar? Sim, por cada um de nós!

 

Graça Mariano

Diretora executiva da APIC

 

Nota: Por cortesia, anexamos aqui, o comunicado da empresa CONSULAI, o qual divulga os programas dos partidos com as medidas direcionadas ao nosso setor.