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Assegurar o bem-estar animal em todo o processo produtivo para além de uma exigência da sociedade moderna, é uma necessidade das explorações eficientes e produtivas, bem como uma necessidade dos matadouros (ao longo da cadeia de abate, na descarga, no parqueamento, no encaminhamento e no atordoamento sem sofrimento), bem como na fase final, na sala de desmancha (para garantir a rastreabilidade de todos os animais que foram abatidos com os requisitos desta certificação).

 
                 

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Só com elevados padrões de bem-estar animal se consegue assegurar uma boa sanidade animal na exploração.

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Não se mate a carraça!

Autor: Graça mariano, diretora executiva da APIC

Ontem ao almoço, uma pessoa amiga contava a fábula do médico e da carraça, e de como este conseguiu viver à conta de idoso rico e doente, com febre da carraça, a qual não foi devidamente tratada, para que o médico pudesse continuar a cobrar as consultas e assim, pagar as suas contas, bem como, tratar as pessoas menos abonadas de forma pro bono.

Quando o filho desse médico, recém-licenciado, o substitui, não sabendo da importância da carraça permanecer viva, tratou efetivamente o idoso contra a febre da carraça e lá se foi a pensão vitalícia.

Moral da história? Não se mate a carraça, para sobrevivermos!

Este introito serviu para percebermos de como existem carraças por aí, e à sua conta, andamos todos num esforço de organização, num esforço económico, porque os eurocratas inventam sempre mais e mais mecanismos, mais e mais legislação, pois se assim não for, deixam de ser necessários, é como se a legislação que vão insistindo em criar, na minha perspetiva, muitas vezes em demasia, fosse a tal carraça, que não pode morrer, pois caso contrário, alguns gabinetes em Bruxelas seriam desmantelados e os que precisam de manter o seu lugar garantido,  retornariam às respetivas casas, pois estão nestes organismos internacionais de forma destacada.

Felizmente, que, como acontece quer na administração pública nacional quer mesmo na iniciativa privada, existem sempre profissionais de mão cheia, que serão sempre precisos e farão sempre falta, não precisando de manter viva a “carrraça”.

Quando me refiro ao artrópode, desta vez, é à legislação sobre a rotulagem na frente da embalagem, em inglês FOP (Front-of- Pack), que pretendo fazer o paralelismo, nomeadamente ao modelo “Nutriscore” que aqui analisamos em maior detalhe por ser o modelo sugerido para ser adotado na União Europeia.

Desde há muito que se tem vindo a discutir este tipo de rotulagem, que sabemos é mais informação a ser disponibilizada ao consumidor.

Consumidor que na grande maioria, não tem conhecimentos suficientes para conseguir interpretar, levando-o a fazer escolhas que nem sempre serão as mais assertivas.

O sistema NutriScore, pretende dar informação aos consumidores, dizem os guias, de forma que todos percebam facilmente, independentemente da sua condição social.

Este Sistema está a ser utilizado em diversos países como a França, a Bélgica e mais recentemente Espanha.

Mas como funciona o NutriScore?

É um sistema que utiliza um algoritmo nutricional (cálculo matemático, onde a presença ou ausência de certos nutrientes têm implicações na cor final a atribuir) que quando aplicado aos produtos alimentares embalados permite atribuir uma cor que varia entre o verde (produto alimentar considerado muito interessante nutricionalmente) e o vermelho (para produtos alimentares considerados não interessantes nutricionalmente).

Na realidade trata-se de um logótipo retangular a ser colocado na parte frontal da embalagem, dividido em cinco cores (verde, verde-claro, amarelo, laranja e vermelho), ligadas, por sua vez, às letras A a E. Com esta escala, descreve-se sumariamente a qualidade nutricional dos alimentos e, ao mesmo tempo, segundo a justificação de alguns, incentiva a uma interpretação fácil e rápida por parte dos consumidores.

Tenho para mim, que sempre que há facilidade, há engano. Nada fácil dá bom resultado!

Por que razão somos contra?

O Nutri-Score julga o grau de saúde dos alimentos através de um algoritmo, baseado apenas em muito poucos nutrientes escolhidos, deixando de lado muitos outros essenciais. Não é capaz de transmitir o verdadeiro valor nutricional de um alimento ou o seu grau de processamento. Além disso, é baseado em 100g para cada alimento e não numa porção que é realmente consumida, resultando em classificações paradoxais. Isto pode levar a que os alimentos recebam uma melhor classificação sem serem necessariamente melhores de um ponto de vista nutricional.

Por outro lado, a divisão dos alimentos em "saudáveis/verdes" e "não saudáveis/vermelhos" levaria a que os alimentos considerados saudáveis ("verdes") fossem consumidos em porções que não estão de acordo com as recomendadas pelos nutricionistas, com subsequentes impactos negativos na dieta e saúde do consumidor. Tal como confirmado pela EFSA, no seu parecer sobre o FOP e perfis nutricionais, recentemente publicado, uma dieta saudável, variada e equilibrada consiste na combinação de diferentes alimentos com diferentes perfis nutricionais.

Pelo exposto, este sistema é claramente enganador, demasiado simplista e incapaz de educar os consumidores para seguirem dietas mais saudáveis.

Na verdade, não existem provas científicas sobre os efeitos que as dietas "Nutri-Score based" podem ter na saúde das pessoas. Ao mesmo tempo, vários cientistas e organizações científicas em toda a Europa levantaram publicamente as suas críticas contra Nutri-Score. Este é um sintoma claro de que não existe consenso no seio da comunidade científica sobre esse esquema.

 

Eu própria, ao longo destes últimos anos, em que se tem discutido este assunto, não encontrei nenhum representante de associações de industriais alimentares e nem nenhum operador económico que tenha considerado o NutriScore como um bom sistema. Apenas alguns representantes de entidades oficiais, maioritariamente sem conhecimentos de nutrição, defendem este sistema, sendo que conheço muitos mais que se opõem a este sistema.

Respeito sempre a opinião divergente, pois é da discussão que nasce a luz, sem dúvida, contudo, neste assunto, surpreende-me a opinião favorável de alguns, que expressam publicamente esta posição.

No nosso caso, da APIC e das organizações internacionais onde somos filiados, temos a convicção de que este sistema será um erro e por isso quisemos fazer chegar a quem de direito, de forma tecnicamente sustentada, as razões que levam a termos opiniões diferentes e não nos revermos neste sistema de rotulagem.

 Por conseguinte, foi feita uma carta subscrita pelas organizações internacionais, onde a APIC é filiada, a qual foi enviada à CE, com as razões pelas quais, a Comissão não deverá adotar o NutriScore.

A APIC divulgou o teor da mesma, tendo tido uma resposta de um associado, que tenho de partilhar pela pertinência do mesmo.

Escreveu o associado:

…..”Apenas gostaria de reforçar a questão já descrita na carta, que se prende com o facto de que nas carnes de suíno e produtos à base de carne de suíno, um nutriScore ou qualquer “imagem idêntica” vai prejudicar e muito uma indústria que tem enfrentando tantas crises, tomando à priori como alimentos “maus”.

No nosso entender enquanto empresa, e no meu entender pessoal e técnico, não há alimentos bons nem maus, todos podem ser bons e maus consoante a quantidade de ingerimos de cada um. E também dependendo do organismo e da vida de cada um.

Não desvalorizando a importância da informação nutricional ao consumidor, na nossa opinião é mais importante sensibiliza-lo para uma alimentação correta e variada, de acordo com o definido na roda dos alimentos, em vez de taxar ou sinalizar alimentos ditos “maus”. É mais importante ensinar como comer e estimular para uma prática saudável de exercício físico de todos, do que retirar alimentos das cantinas ou refeitórios….”

Não poderia concordar mais com o que este associado nos fez chegar, pelo que, espero sinceramente que a Comissão Europeia se mantenha centrada no objetivo último da adoção de um regime FOP da UE, nomeadamente, informar melhor os consumidores e ajudá-los a seguir dietas mais saudáveis, apoiado com a educação apropriada do consumidor e harmonizado na UE.

Espero que a CE trabalhe numa solução que tenha em consideração os elementos acima mencionados para fornecer aos consumidores a informação exata de que necessitam a fim de tomarem decisões informadas no sentido de uma dieta mais saudável e de melhorarem efetivamente a qualidade nutricional do seu cabaz alimentar, em vez de orientarem as suas escolhas de compra com base numa classificação que até é questionada no seio da comunidade científica.

Perdoem-me, mas, com o devido respeito pelos consumidores, sempre pensei que informação a mais e pouco clara, provoca mais danos que vantagens à saúde dos consumidores, mal comparado, a expressão dar pérolas a porcos, poder-se-á aplicar totalmente a este assunto!

Em termos de comunicação ao consumidor, o cuidado é sempre pouco, e o enfoque deve ser sempre na educação alimentar!

 APIC, 23 de setembro 2022