Manuel Chaveiro Soares | Professor universitário e gestor
Agricultura europeia: não se pode tratar de modo igual situações naturais diferentes
Recentemente tive oportunidade de trocar algumas impressões sobre o rendimento da cultura do trigo com um dos melhores economistas portugueses (que à semelhança de outros Colegas lecciona e investiga numa universidade estrangeira), também distinguido pelas suas contribuições para a macroeconomia na Europa e cujos artigos de divulgação muito aprecio.
Acontece que o distinto académico considerou que em França se têm registado aumentos de rendimento superiores aos alcançados em Portugal Continental, o que atribuiu a uma melhoria tecnológica. Mas, na verdade, estamos a comparar o rendimento da mesma cultura (trigo) em dois países com climas completamente diferentes.
O clima mediterrânico, na nossa variante atlântica (situação quase única na Europa), com chuvas concentradas no Inverno, não proporciona condições favoráveis à cultura do trigo, cujo ciclo tem a duração de 5 a 6 meses. Diferente é a situação no Norte da Europa, a melhor região do Mundo para a cultura em apreço: por um lado sem chuvas excessivas no inverno e com temperaturas baixas que proporcionam uma boa vernalização, e, por outro, com chuvas no verão, que mantém a humidade do solo, e dias longos que aumentam a fotosíntese, de modo que a fase de frutificação é longa, tendo assim o trigo um ciclo com a duração de 10 meses (Feio, 1991). Ler mais aqui.
Este artigo foi divulgado na Rádio Observador.